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Um bairro para chamar de nosso

A urbanista Beatriz Vanzolini e Tomas Alvim, um dos fundadores da Arq. Futuro, vieram a Alphaville para nos ensinar a ter um olhar diferente sobre o bairro

 

Beatriz Vanzolini e Tomas Alvim | foto: Divulgação

A convite da Viva S/A , a urbanista Beatriz Vanzolini, uma das autoras do livro Aprendendo a Viver na Cidade , e Tomas Alvim, um dos fundadores da Arq. Futuro, que promove soluções para os espaços públicos, vieram a Alphaville para nos ensinar a ter um olhar diferente sobre o bairro, que é de todos! Eles apontaram formas de convivência, para que as áreas públicas sejam de fato a extensão da nossa casa.

Av. Yojiro Takaoka | foto: Tárik Santiago

Um bairro seguro e bacana para viver não se faz sozinho. Os urbanistas Beatriz Vanzolini e Tomas Alvim explicam que, para morarmos em um lugar agradável, é necessária uma conversa clara e eficaz entre três atores fundamentais na harmonização de qualquer nação, estado, cidade ou bairro: sociedade, poder público e iniciativa privada. O importante é sempre tentar falar sobre temas relevantes e demandas da comunidade a partir de um debate de ideias em uma reunião tripartite, para que o resultado produza bons frutos para todos. “No livro Aprendendo a Viver na Cidade, que está sendo usado na educação básica de algumas escolas, entramos nessa questão para começar a formar cidadãos que tenham mais consciência sobre o meio urbano, entendam que a gestão pública é complexa, mas que é preciso acompanhar o Plano Diretor, por exemplo, e participar das decisões de alguma forma. Deve-se tomar parte desde uma reunião simples de condomínio até uma audiência pública na Câmara. Só assim, conseguimos fazer cidades e bairros melhores, mais sustentáveis”, conta Beatriz. Tomas complementa: “A transformação só acontece de maneira balanceada, efetiva e duradoura se tiver um pacto entre essas três entidades:  o empresário, que constrói e tem que pensar em lucro social também; o político, que trabalha com a perspectiva dos quatro anos de mandato; e o cidadão, que tem a possibilidade de olhar para o futuro do bairro, porque não tem prazo definido de atuação e nem compromissos com lucro, e deve qualificar suas demandas a curto, médio e longo prazo. Afinal, quem deve pensar o que quer do bairro que vai deixar para os filhos é o morador”.

O DESPERTAR PARA UM BAIRRO MAIS CIDADÃO

Beatriz e Tomas passearam com nossa equipe por Alphaville e perceberam que o modelo de nosso bairro é espraiado em alguns lugares e compacto em outros. O que quer dizer isso? Modelo compacto é aquele em que existem prédios de moradia e de trabalho próximos, com comércio, farmácia e outros serviços na parte térrea. Assim, os moradores podem fazer tudo perto de casa, sem precisar usar o carro a toda hora. Este é o caso de quem mora, por exemplo, nas ruas transversais ou paralelas à Alameda Rio Negro. Em um raio de poucos metros ou quilômetros, os moradores podem ir à padaria, ao supermercado, cabeleireiro, comprar remédios e contratar serviços de costureira, sapateiro etc.

Já o modelo espraiado se verifica ao entrarmos, por exemplo, na Avenida Alphaville – e na continuação, Yojiro Takaoka – em que encontramos um trecho sem tantos serviços até chegarmos ao Centro de Apoio 2, próximo aos residenciais 5 , 6, 8 e 9. Beatriz esclarece que o carro não é um inimigo: “O carro, com certeza, é um aliado. O problema é você fazer sua vida inteira depender dele. O carro é bom para viajar, ir a um local de reunião de trabalho ou festa mais longe, mas é saudável que você possa ‘fazer sua vida’ a pé, de bicicleta ou transporte público”, pondera Beatriz. “Se a cidade está espraiada, com densidade baixa (poucos habitantes por metro quadrado), como no modelo americano que seguimos no Brasil, isso tem impacto na mobilidade, porque tudo fica mais distante da moradia”, afirma Tomas.

Av. Yojiro Takaoka | foto: Tárik Santiago

O trânsito de Alphaville

O trânsito é um dos pontos nevrálgicos dos bairros da região. Hoje, de acordo com estimativas não oficiais, temos cerca de 150 mil pessoas entre Alphaville e Tamboré, morando ou trabalhando por aqui, e o movimento pendular diário – trabalho/casa – gera muito trânsito. Uma coisa que muitos não sabem é que medidas que vêm sendo implementadas na região, como o reforço das lombadas, a colocação de radares e o estabelecimento de limites de velocidade, estão ajudando a reduzir os acidentes e o tamanho do congestionamento na maior metrópole do País: São Paulo. Podemos esperar que esse padrão seja reproduzido por aqui. A Organização Mundial de Saúde recomenda o uso de medidores eletrônicos de velocidade como alternativa para a prevenção de acidentes e redução de mortes no trânsito. “A medida de redução do limite de velocidade nas marginais e avenidas de São Paulo foi duramente criticada, mas os engenheiros de tráfego mostram que a diminuição da velocidade desafoga o trânsito. É uma equação física: se você tem um volume de automóveis que se deslocam muito rapidamente, os congestionamentos se formam mais rápido pela cidade; quando se reduz a velocidade, a distância entre os carros aumenta na macroárea e o fluxo melhora. Esse é o exemplo de muitas cidades da Europa”, comenta Beatriz Vanzolini.

Alameda Rio Negro | foto: Tárik Santiago

O PERIGO DAS FAIXAS DE PEDESTRES SEM SEMÁFOROS

Nos modelos rodoviaristas, como nos Estados Unidos, a prioridade é dos carros, mas, nas faixas de pedestres, quando não há farol, a preferência é das pessoas que estão a pé. Em grandes avenidas, é importante haver farol para pedestres, mas, invariavelmente, é preciso promover campanhas de conscientização para ensinar ao motorista que ele deve parar quando tem alguém para atravessar. “Pode ser lugar-comum, mas sempre é bom lembrar que, nas cidades da Europa, os carros param na hora para dar preferência ao pedestre que está na faixa. Isso nos faz sentir como uma primeira-dama, não é? Mas esse é o certo!”, ensina Beatriz.

Área de lazer externa do Residencial 1 | foto: Tárik Santiago

IMPRESSÕES SOBRE LUGARES ICÔNICOS DE ALPHAVILLE

Área de lazer externa do Residencial 1
Tomas e Beatriz aplaudiram a área de lazer da Alameda Mamoré, junto ao muro do Residencial Alphaville 1. “É um espaço muito bacana, porque pode ser usado por todos os que transitam por aqui. Tem um belo paisagismo, é sombreado, o que é bom para quem quer fazer jogging, e ainda conta com equipamentos para exercícios. Bela iniciativa”, comenta Tomas.

As calçadas
Beatriz reparou nas calçadas muito estreitas em alguns pontos do bairro, como a que fica ao longo dos muros do Residencial Zero e do Condomínio 18 do Forte. “Este é o principal espaço de encontro dos moradores de um bairro; calçadas mais largas permitem maior movimentação e interação entre as pessoas, garantindo um lugar mais vivo e seguro, onde as mães passeiam com os bebês, andamos com o cachorro, encontramos os amigos em frente à padaria… As pessoas falam em parques, praças, mas a calçada é onde caminhamos”.

Centro Comercial Alphaville | foto: Tárik Santiago

Centro Comercial

O Centro Comercial Alphaville foi outro ponto positivo apontado pelos urbanistas, por ser um espaço de convivência bonito, tipo boulevard, só que com o inconveniente de permitir a entrada de carros. “A vida aqui rola diferente, tem mais ritmo de cidade do interior. É agradável ver todo mundo caminhando nas ruas. A única ressalva vai para as calçadas apertadas das vias que não são principais. O arquiteto sempre tem de alavancar o potencial dos lugares e esse é um espaço bonito, com paisagismo, pontezinhas, um bom mix de comércio. Se ficar animado à noite, melhor ainda! Um lugar de lazer e convivência que humaniza o bairro”, aponta Beatriz. Tomas disse que o Centro Comercial é um “lugar de encontro sem igual, para as pessoas se conhecerem e interagirem, um espaço que proporciona vida urbana de qualidade, o que todo o desenho de uma cidade ou bairro tem de proporcionar.” Beatriz complementa: “Imagine trabalhar aqui! Gostei demais, pode ser um cartão postal de Alphaville!”.

Via Parque

A Via Parque foi uma solução encontrada para desafogar o trânsito de Alphaville e Tamboré, mas hoje já está sobrecarregada. Mesmo assim, os urbanistas deram um ponto positivo para a avenida, que tem mata atlântica preservada ao longo do Rio Tietê e que é fechada ao tráfego de carros, para a circulação de bicicletas, aos domingos. “O único problema é o rio poluído. A sociedade deve fazer demandas mais qualificadas, como a que motivou a transformação do uso da Avenida Paulista nos fins de semana. Começou com os ciclistas, depois, a sociedade civil articulou para virar parque, e virou”, comenta Tomas Alvim.

Centro Comercial Alphaville | foto: Tárik Santiago

CANAIS DE COMUNICAÇÃO

Além das prefeituras, temos associações que estão no bairro há décadas.

AREA – Associação Residencial e Empresarial Alphaville – “Embora a manutenção de calçadas seja uma obrigação de cada proprietário, a AREA mantém uma equipe para executar reparos em todo o Centro Empresarial. Além disso, fazemos o rebaixamento de guias para a acessibilidade de cadeirantes e outros serviços. São mais de 70 funcionários que, inclusive, têm escala de trabalho à noite, para realizar serviços de limpeza que interfeririam no trânsito”, explica o presidente Geraldo José Michelotti.

Conseg – Conselho Comunitário de Segurança Alphaville-Tamboré – “O Conselho tem por objetivo integrar as iniciativas pública e privada, o que traz um diferencial para os bairros de Alphaville e Tamboré, especialmente nas áreas de segurança e urbanismo, gerando qualidade de vida para todos, diz a presidente Gislane Gandra Lima.

SIA – Sociedade Alphaville Tamboré – “A prefeitura de Santana de Parnaíba, inclusive o prefeito Elvis Cezar, sempre nos recebe para que possamos apresentar nossas demandas. Os moradores nos procuram para destacar os problemas, assim como a diretoria da SIA identifica as necessidades da comunidade. Entre as conquistas da associação nesses 26 anos, destacamos a construção do Posto de Bombeiros, despoluição do Córrego do Barreiro, congelamento do IPTU por cinco anos, combate à verticalização, rotatória do Melville, Reserva Tamboré – preservação de 3,5 milhões de metros quadrados e baias para ônibus”, afirma Aliceo Cavalieri, presidente.

SOCET – Sociedade Centro Empresarial Tamboré – “A Socet existe há 30 anos e cuida de um loteamento de 750 mil metros quadrados no bairro do Tamboré, mantendo áreas verdes e fazendo a segurança em todo o perímetro de atuação”, explica o gerente-geral Oswaldo Silva.

Associação Alphaville 18 do Forte Empresarial – “A associação foi criada em 1998. Nós articulamos a criação da área de lazer com pista para atividades esportivas e eventos voltados à educação ambiental, e fazemos gestões para a preservação da área verde nativa no entorno do Córrego do Garcia”, diz André Bezerra, diretor-administrativo. Vamos voltar nosso olhar para o futuro de Alphaville!

AÇÕES DE MOBILIDADE

A prefeitura de Santana de Parnaíba pensa em pôr fim aos cruzamentos de Alphaville. Estão em andamento estudos para avaliar a construção de um túnel nas avenidas Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues, Yojiro Takaoka e Universitário. “Estamos investindo em mobilidade e infraestrutura para melhorar a vida do cidadão hoje, com o olhar para o futuro”, diz o prefeito do município, Elvis Cezar. Em Barueri, com previsão de entrega para julho, está sendo construído o viaduto sobre a Al. Araguaia. “Esta obra é muito importante porque vai desafogar o trânsito que temos nessa região e dar muito mais mobilidade à população”, afirma o secretário de Obras, Roberto Piteri. Neste mês, teve início também a instalação de lombadas eletrônicas na Av. Alphaville e na Dib Sauaia Neto. “O objetivo é tornar o trânsito mais seguro”, arremata Piteri.

Já está indo embora :´(
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