De jornalista a apresentadora

foto: YouTube

Entrevistei a jornalista Ana Paula Padrão. Ela, que durante 31 anos foi jornalista de televisão, com passagens pelas principais emissoras brasileiras, agora apresenta o MasterChef (Brasil) na Band, além de ser empresária e desde 2017, editora-chefe da principal revista feminina brasileira, a Claudia. Durante a entrevista, Ana Paula me disse que sabe cozinhar e que faz isso sempre. Contou ainda que está há três anos com Gustavo Diament, o qual chama de “namorido”.

O que é ser feminista hoje? Você é feminista?
Eu acho que existem vários conceitos de feminismo. Do meu ponto de vista, digo que sou feminista; eu defendo a ideia de que homens e mulheres devem ter as mesmas oportunidades.

A desigualdade ainda hoje é muito notável?
Sim, principalmente em países como o Brasil, nos países latinos, de maneira geral. É claro que em países mais desenvolvidos já são menores as diferenças salariais nos mesmos cargos numa empresa, bem como o modo de educar um menino e uma menina. Aqui ainda não. O Brasil é um País machista.

Na sua carreira, já sofreu alguma discriminação?
Muito! É muito difícil, por exemplo, numa primeira conversa com uma fonte de informação que seja machista ele tratá-la como um profissional e ponto. Quando você vai cumprimentar essa pessoa machista ela não lhe diz simplesmente oi, sempre vem com uma gracinha, que é um tratamento diferente. Parece uma gentileza, mas no fundo é pura maldade. Não posso dizer que fui assediada, porque sempre fui durona no primeiro contato. Mas, fui poupada de coberturas mais ásperas porque eu sou mulher. Tive de buscar esse espaço.

Você migrou do jornalismo para o entretenimento. Fale sobre essa mudança.
Não foi proposital. Eu decidi que não queria mais fazer a bancada do telejornal. Na época, eu já tinha 31 anos de bancada. Fiquei um ano afastada da televisão, então recebi a proposta da Band do Master Chef e estudei o formato. Concluí que é muito bom, um conteúdo muito bacana para a família brasileira.

Como diretora da revista Claudia, uma importante publicação para o mundo feminino, diga, o que as mulheres querem?
O grande problema de falar com a mulher hoje é que não há uma única mulher que represente todas. Não existe sequer um grupo de mulheres que represente todas. Antigamente as mulheres deixavam-se contaminar pelo que era inspiracional. Então, todas queriam ser um determinado tipo de mulher que era um ícone e representava o sucesso de ser mulher. A primeira coisa que fiz quando cheguei à revista Claudia foi lançar a campanha com a #eutenhodireito. Isso, para mim, resume o que é a mulher hoje. Porque mostra que temos o direito de fazer escolhas e de ser respeitadas por isso.

Quanto às redes sociais, qual a sua opinião?
Eu acho que o que acontece muito é a pessoa colocar lá a sua opinião e não ter coragem de olhar nos olhos e dizer cara a cara. Dificilmente uma pessoa que posta você é um desclassificado, olha para você e diz isso. Devido ao anonimato, acontece o exagero. O que eu faço é descontar 70% daquilo que eu leio. Porque nem o amor, nem o ódio são tão grandes assim.

Quem é um homem inspirador para você?
Meu pai. Ele está vivo ainda, mas, tadinho, a cabeça dele já foi. Foi ele que me ensinou a ler e entender a importância da educação, assim como os princípios morais e éticos. Sempre que tenho uma dúvida na vida, eu lembro do meu pai que diz que existem poucas coisas que são importantes. Se você tem duas coisas que são pilares na sua vida, vá atrás disso e os seus problemas acabam.

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